A “BRINCADEIRA DO COPO” (OU O “JOGO DO COPO”)
Para a maioria dos adolescentes, tudo não passa de um jogo aterrorizante e divertido. Será mesmo só uma brincadeira ou teria um fundo de verdade?
Por Ana Lídia C. Hohne
Que brincadeira é essa?
Widson Porto Reis, no site do Projeto Ockham, descreve muito bem como tudo acontece.
“Um grupo de amigos, normalmente pré-adolescentes ou adolescentes, senta-se em torno de uma mesa. No centro da mesa há um copo com a boca para baixo; ao redor dele pedaços de papel ou cartolina contendo as letras do alfabeto, os algarismos de 0 a 9 e as palavras SIM e NÃO. Um respeitoso silêncio se espalha pelo ambiente, entrecortado talvez por alguns risinhos nervosos, enquanto todos apóiam o dedo indicador no fundo do copo. Alguém, normalmente o mais corajoso, assume a liderança e pergunta se há um espírito presente no local. Depois de um minuto de suspense o copo começa a se mover, aparentemente sozinho, mas nunca sem os primeiros protestos: ‘ei, alguém está empurrando o copo!’, seguidos rapidamente de juramentos solenes de que ninguém está trapaceando. Seja como for, o copo parece realmente se mover sozinho e percorre a mesa lentamente tocando as letras uma a uma, formando repostas para as perguntas proferidas em voz alta pelos adolescentes (geralmente coisas profundas como o nome do futuro namorado; se ele ou ela está sendo traído; ou se alguém ali tem algum segredo muito tenebroso).”
Talvez você nunca tenha participado de uma sessão como esta, mas deve conhecer alguém que participou, ou ao menos já ouviu falar da tal "brincadeira do copo" ou “jogo do copo”. Também serve uma de suas variantes, como a “brincadeira da caneta” ou a “do compasso”. Movidos pela curiosidade, pela sedução do desconhecido ou simplesmente pela diversão de aterrorizar os colegas, esses jogos são comuns entre pré-adolescentes e adolescentes. Cumprir os rituais macabros, chamar espíritos dos mortos e aguardar que se manifestem gera neles o medo, a ansiedade e o prazer parecido com o que sentem ao assistirem um filme de suspense e de terror. Só que, desta vez, eles são os protagonistas.
Como tudo começou?
A ideia de brincar de conversar com espíritos dos mortos não é nova. “O espiritualismo como o conhecemos hoje é uma invenção americana. Foi inventado no dia 31 de março de 1848, quando as adolescentes Margaretta e Catherine Fox descobriram que podiam se comunicar com os mortos, ou que, pelo menos, podiam convencer outras pessoas disto”, afirma Widson Reis. Depois de convencerem milhares de pessoas nos EUA e até na Europa fazendo sessões de consultas aos mortos, Margaretta e Catherina Fox, em 1888, chegaram a confessar que tudo não passou de uma brincadeira de criança que saiu de controle. Influenciadas pela irmã mais velha, que ganhou muito dinheiro com a “mediunidade” das meninas, as duas só criaram coragem de confessar a farsa quarenta anos depois. Mas aí a febre espiritualista já havia dominado os EUA e parte da Europa –centenas de médiuns surgiram pelo mundo afora, dizendo consultar os mortos e ajudar os vivos a se comunicarem com eles.
Não demorou muito para aparecerem “tabuleiros falantes” e outros instrumentos para ajudar na consulta aos espíritos. Em 1898 foi patenteado e lançado à venda o “tabuleiro Ouija”. Segundo Widson Reis, “o tabuleiro Ouija foi um sucesso estrondoso. Até 1950, quase todo lar americano possuía um. Mais do que uma mania, ele foi um desses itens que se tornam parte da cultura popular. O jogo já apareceu em vários filmes de Hollywood (...) Por algum motivo, supersticioso ou religioso talvez, o jogo nunca foi lançado no Brasil. Mas isso não é um problema; nestes tempos de internet não precisa nem mesmo possuir o tabuleiro para jogar; basta chamar os amigos, substituir o copo por um mouse sem fio e fazer a brincadeira on-line”.
Rituais e mistérios do “jogo do copo”
Como no Brasil é difícil encontrar um tabuleiro Ouija para comprar, o “jogo do copo” e suas variações acabaram se popularizando pela facilidade de se trocar o tabuleiro por pedaços de papel com as letras do alfabeto e com números. Os rituais para dar início à sessão variam de região para região, dentre os mais comuns estão:
a) Sentar o grupo em círculo, de mãos dadas, mentalizando certas palavras, pessoas ou fatos;
b) Fazer uma sequência de rezas (as mais comuns são Aves Marias e Pais Nossos);
c) Providenciar um local escuro com iluminação de velas;
d) Certificar-se (sabe-se lá como) de que uma das pessoas do grupo tem o “dom da mediunidade” ou já fez a brincadeira com sucesso antes.
Afinal, o copo realmente se move? Quem já fez a “brincadeira do copo” apresenta diferentes versões para o que acontece durante o jogo. Uns dizem que usam truques para empurrar o copo ou para manipulá-lo. Outros garantem que o copo realmente se move, e faz isso aparentemente sem ajuda de ninguém. Os primeiros asseguram que o jogo não passa de uma farsa divertida. Os segundos descrevem experiências aterrorizantes e, muitas vezes, emocionalmente devastadoras.
Quais as explicações mais prováveis?
Mas como o copo se move se os participantes juram que não o estão empurrando? Há sempre um trapaceiro em cada brincadeira? Seriam mesmo espíritos dos mortos que movem o copo? As hipóteses mais prováveis são três:
1. Provavelmente na maioria das vezes há, sim, um ou mais trapaceiros que manipulam o copo para assustar os ingênuos e se divertir à custa do medo alheio.
2. Os participantes da brincadeira empurram, sim, o copo, mas o fazem inconscientemente, através de pequenas e involuntárias contrações musculares. Este efeito é bem conhecido por médicos e cientistas e se chama efeito ideomotor. “O efeito ideomotor é mais comum do que se pensa e você provavelmente já foi vítima dele. Como quando assistia a uma partida de futebol e, sem mais nem menos, chutou a poltrona no momento em que o atacante hesitou com a bola diante do gol. Ou todas as vezes que seus pés procuraram instintivamente o pedal do freio a cada manobra arriscada do seu amigo na direção. Médicos e psicólogos veem o efeito ideomotor como um tipo de imitação involuntária; o observador age conforme o que vê ou o que gostaria de ver” (Widson Reis).
3. Eventualmente um ser espiritual participa da brincadeira, movimenta o copo e se comunica com as pessoas envolvidas. Segundo os adeptos da religião espírita, essa brincadeira não é nada inocente. Eles acreditam que normalmente comparecem à sessão do copo espíritos zombeteiros e maldosos, pouco evoluídos, que ainda não reencarnaram e que ficam à espreita esperando uma oportunidade para entrar em contato com os vivos e assustá-los. Mas nós, que cremos na autoridade da Bíblia, sabemos que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Logo, os espíritos dos mortos não ficam vagando por aí, não vão retornar à vida e não têm acesso aos vivos. Por isso, pela Bíblia sabemos, com certeza, que se há manifestação espiritual na brincadeira não é de espíritos desencarnados de pessoas mortas.
Que dizem os envolvidos?
Muitas pessoas relatam histórias terríveis de pessoas que se envolveram com a “brincadeira do copo” e depois sofreram tormentos ou desgraças. Na internet não é raro encontrar relatos de:
Muitas pessoas relatam histórias terríveis de pessoas que se envolveram com a “brincadeira do copo” e depois sofreram tormentos ou desgraças. Na internet não é raro encontrar relatos de:
a) Fenômenos poltergeist (coisas que se mexem, voam ou se quebram sozinhas) – durante a brincadeira, copos que flutuaram e se quebraram no ar; fogo que acende e apaga sozinho; portas e janelas que abrem e fecham sozinhas; garrafas que explodem; etc.
b) Respostas do copo – durante a brincadeira, o espírito no copo contaria histórias engraçadas e inofensivas sobre seu passado ou de outras pessoas; contaria segredos pessoais dos envolvidos ou da família deles; revelaria datas de morte ou descreveria acidentes com pessoas conhecidas; faria ameaças à integridade física ou à vida das pessoas envolvidas ou seus familiares; se recusaria a deixar a brincadeira ou o local onde foi feita; ameaçaria possuir um dos envolvidos; etc.
c) Atos violentos – durante a brincadeira, pessoas cortaram ou machucaram o próprio corpo; agrediram os colegas; quebraram coisas da casa; etc.
d) Possessões demoníacas – durante a brincadeira, pessoas ficaram com olhos vermelhos, revirados, esbugalhados, etc.; ficaram com a voz alterada; proferiram ameaças terríveis aos outros; repetiram muitas palavras chulas; ficaram extremamente violentas; etc.
e) Rituais macabros – após praticarem a brincadeira, pessoas começaram a sacrificar animais e fazer oferendas a espíritos;
f) Sensações e visões – após a brincadeira, pessoas começaram a enxergar vultos, rostos de pessoas mortas, assombrações, demônios; começaram a ouvir barulhos, vozes e conversas pela casa; sentiram presenças estranhas na casa ou se sentiram perseguidas, vigiadas ou acompanhadas; presenciaram com frequência fenômenos poltergeist; foram atormentadas com pesadelos recorrentes; etc.
g) Mortes – pessoas que, após a brincadeira, morreram em acidentes, assassinatos ou cometeram suicídio.
Não há como averiguar a veracidade dessas histórias. Provavelmente muitas delas não passam de sensacionalismo.
Contudo, centenas de pais e psicanalistas descrevem adolescentes aterrorizados, traumatizados, atormentados, perturbados, que desenvolveram síndrome de perseguição, síndrome do pânico e outros distúrbios psíquicos causados pelo terror sentido durante uma sessão do “jogo do copo” em que um espírito supostamente se manifestou durante a brincadeira.
Que diz a Bíblia?
Tudo indica que as três hipóteses são possíveis. O mais comum são adolescentes trapacearem para aterrorizar os colegas. Também é provável que, aqueles que tentam levar a brincadeira mais a sério, na maioria das vezes se impressionem com o efeito ideomotor – as respostas dadas nada mais são que o reflexo do que a maioria do grupo pensa a respeito do assunto ou do que gostaria que fosse a resposta. Mas não se pode negar também o que a Bíblia diz – e o que ela diz confirma a possibilidade da terceira hipótese: é possível que espíritos malignos (demônios, não espíritos de mortos) se manifestem durante essas brincadeiras. Vejamos porque:
1º A Bíblia afirma a existência dos espíritos malignos e sua manifestação entre os vivos
“pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.12)
“Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, e ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou todos os doentes. (...) Quando ele chegou ao outro lado, à região dos gadarenos, foram ao seu encontro dois endemoninhados, que vinham dos sepulcros. Eles eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. Então eles gritaram: ‘Que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?’ A certa distância deles estava pastando uma grande manada de porcos. Os demônios imploravam a Jesus: ‘Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de porcos’. Ele lhes disse: ‘Vão!’ Eles saíram e entraram nos porcos, e toda a manada atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e morreu afogada” (Mt 8.16, 28-32)
2º A Bíblia avisa que Satanás anda ao redor procurando ocasião para nos devorar
“Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar” (1Pe 5.8)
3º A Bíblia adverte que não devemos tentar consultar os mortos
“Quando disserem a vocês: ‘Procurem um médium ou alguém que consulte os espíritos e murmure encantamentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos mortos em favor dos vivos’, respondam: ‘À lei e aos mandamentos!’ "(Is 8.19-20)
“Não recorram aos médiuns, nem busquem a quem consulta espíritos, pois vocês serão contaminados por eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” (Lv 19.31)
4º A Bíblia deixa claro que Deus não tolera essa prática
“Não permitam que se ache alguém entre vocês que... pratique adivinhação, ou se dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique ou faça encantamentos; que seja médium, consulte os espíritos ou consulte os mortos. O SENHOR TEM REPUGNÂNCIA POR QUEM PRATICA ESSAS COISAS... Permaneçam inculpáveis perante o Senhor, o seu Deus” (Dt 18.10-13)
“Chegou a queimar o próprio filho em sacrifício, praticou feitiçaria e adivinhação e recorreu a médiuns e a quem consultava os espíritos. Fez o que o Senhor reprova, provocando-o à ira” (2Rs 21.6)
5º A Bíblia adverte que Deus se afastará de quem buscar contato com os espíritos
“VOLTAREI O MEU ROSTO CONTRA AQUELE que procurar quem consulta espíritos e contra quem procurar médiuns para segui-los, prostituindo-se com eles. Eu o eliminarei do meio do seu povo” (Lv 20.6)
6º A Bíblia esclarece que Satanás é o pai da mentira, astuto, enganador
“Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44)
Então é lógico que Satanás tentará nos seduzir com jogos divertidos, iludir com brincadeiras aparentemente inofensivas e mentir apresentando-se como o espírito do pai ou da avó de alguém, ou mesmo como um espírito bonzinho ou zombeteiro.
7º A Bíblia diz que devemos buscar apenas coisas que edificam
“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Fp 4.8)Que edificação pode trazer para a vida do crente brincar de chamar espíritos malignos?
8º A Bíblia explica que não há comunhão entre a luz e as trevas
“Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?” (2Co 6.14)Quem está na luz não tem porque buscar contato com os que estão nas trevas. Nem por curiosidade, nem por brincadeira!
Deve o cristão brincar do "jogo do copo"?
Jogar a “brincadeira do copo” é envolver-se com o ocultismo, é buscar contato com os poderes das trevas, é convidar um demônio para conversar. Definitivamente isso não é uma opção para um cristão. Esse tipo de coisa é claramente abominado por Deus e proibido na Bíblia. Não importa o quão inocente pode parecer, a “brincadeira do copo” é uma maneira de se abrir para que demônios acessem a mente e o coração das pessoas envolvidas.
Jogar a “brincadeira do copo” é envolver-se com o ocultismo, é buscar contato com os poderes das trevas, é convidar um demônio para conversar. Definitivamente isso não é uma opção para um cristão. Esse tipo de coisa é claramente abominado por Deus e proibido na Bíblia. Não importa o quão inocente pode parecer, a “brincadeira do copo” é uma maneira de se abrir para que demônios acessem a mente e o coração das pessoas envolvidas.
Para a maioria dos que brincam, provavelmente esse jogo não passará de uma “brincadeira de terror”, mas há sim o risco de que um demônio se manifeste, já que está sendo convidado para isso. E se isso acontecer, com certeza a brincadeira perderá a graça e se tornará motivo de grande opressão (se não possessão) para os envolvidos. Não é à toa que Deus abomina todo tipo de tentativa de contato com os mortos (Ele sabia que nunca seriam os mortos).
Não convide demônios para brincar. Não os convide para entrar na sua casa, nem de brincadeira. Nem os leve para casa em filmes e games demoníacos. O lar do cristão deve ser santo (separado), lugar onde até o entretenimento é agradável a Deus (Fp 4.8).
Fontes consultadas:
Conversando com os Mortos - A História da "Brincadeira do Copo"
Por Widson Porto Reis
A brincadeira do copo, por Marcia Cobêro
The extreme dangers of the Ouija board
What are Ouija boards? Should a Christian play with Ouija boards?
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